No atual debate sobre as mulheres na profissão de arquitetura, é difícil ouvir um argumento do porque da representação igualitária é importante, geralmente é assumido como um imperativo moral inquestionável. No entanto, neste artigo originalmente publicado no Huffington Post como "Why Women's Leadership Is Essential for Architects," Lance Hosey argumenta que, independente de sua posição na igualdade como um imperativo moral, a melhor representação de mulheres na arquitetura poderia beneficiar todos na profissão - e de maneiras bastante tangíveis.
Recentemente, no Dia Internacional das Mulheres, o Instituto Americano de Arquitetos, (AIA em sua sigla em inglês) publicou "Diversity in the Profession of Architecture," seu primeiro relatório de diversidade em uma década. Esta publicação acompanhou a criação no mês de dezembro da "Comissão da Igualdade na Arquitetura," um painel de vinte arquitetos, educadores, e profissionais da diversidade para pesquisar sobre diversidade e inclusão na profissão. O novo relatório documenta uma pesquisa com mais de 7.300 profissionais de arquitetura e estudantes, incluindo homens e mulheres, 79% deles brancos e 21% de outras etnias.
Como escrevi três anos atrás, estudos deste tipo geralmente revelam pouco progresso na profissão e este novo relatório não é diferente. Menos de um quarto de todos os entrevistados sentem que pessoas de outras etnias que não brancos são bem representados no campo da arquitetura, por exemplo. No entanto, a maioria diz que trabalham para empresas que "tratam todos da mesma maneira, independente da raça ou etnia," sugerindo que as minorias não são representadas, mas em grande parte, que são tratadas de maneira justa. As respostas variam bastante entre homens e mulheres, por exemplo. Mais de dois terços de ambos homens brancos (70%) e homens de outras etnias (67%) concordam com a declaração acima, enquanto apenas 60-62% das mulheres também o fazem, então a diferença entre raças (2-3%) é muito menos que entre os sexos (7-8%). Do mesmo modo, quando questionados se trabalham para empresas que tratam homens e mulheres da mesma maneira", mais de dois terços de homens (65-69%) concordam, enquanto apenas metade das mulheres concordam (53-55%).
Seria a igualdade de gênero um desafio maior entre arquitetos do que a igualdade racial?
Mais de 70% das entrevistadas mulheres sentem que não são representadas na profissão e metade delas afirmam que recebem menos que homens e são menos prováveis de serem promovidas. Não é de se surpreender que a satisfação geral no trabalho é 6-12% maior para homens do que é para mulheres. O que isto não revela é que, mesmo para homens, apenas metade deles (52-54%) estão satisfeitos. Enquanto a diferença entre homens e mulheres é algo perturbador, o que é mais preocupante é que arquitetos em geral não parecem muito felizes em suas profissões. Menos da metade de todos os entrevistados, homens e mulheres, dizem estar fazendo algo significativo (39-45%) ou sendo reconhecido por fazerem bem seu trabalho (42-48%), e cerca de um terço (29-38%) estão contentes com seu salário.
A presidente do AIA de 2015 Elizabeth Chu Richter escreve no prefácio do relatório que arquitetos "devem ser um espelho da rica tapeçaria humana que servimos." Diversidade é importante de sua própria maneira, mas como é frequentemente o caso com estudos deste tipo, o relatório e cobertura da mídia residem em uma falta de diversidade sem explicar inteiramente o porque a diversidade é importante. Mas a evidência é abundante.
Empresas etnicamente diversas em qualquer campo têm 35% mais de chances de se sobrepor em performance em relação à seus competidores, e aquelas que estão equilibradas em termos de gênero possuem 15% mais chances, de acordo com relatórios. Organizações também podem dobrar seu potencial para criatividade e inovação quando "dão o mesmo destaque à vozes diversas" (Centro para Inovação de Talento).
Mulheres são especialmente importantes para diversidade em qualquer tipo de companhia, uma vez que estudos demonstram que eles melhoram toda a base de valores sociais, econômicos e ambientais:
Impacto Econômico: De acordo com a pesquisa, empresas com mais mulheres em cargos mais elevados desfrutam de maiores salários, maior retorno em investimentos, lucro e produtividade - por grande margem. Um estudo de 2014 revelou que organizações com mais mulheres em seu quadro de funcionários são mais estáveis financeiramente e menos propensas à assumir riscos excessivos. Como as mulheres são melhores para as linhas de base, os arquitetos desfrutariam de melhores salários se mais mulheres assumissem posições de liderança em suas empresas?
Impacto Social: Mais mulheres na gestão levam à melhor comprometimento dos funcionários e um senso mais generalizado de que a empresa se importa mais com seus funcionários. Pesquisas evidenciam que ter mais mulheres em uma empresa também cria mais autoconfiança na equipe, maior segurança psicológica, taxas de rotatividade mais baixas e melhor recrutamento - para toda a equipe. A baixa satisfação profissional dos arquitetos pode melhorar com mais mulheres líderes na profissão.
Impacto Ambiental: Como eu e Kira Gould demonstramos em nosso livro Women in Green: Voices of Sustainable Design (2007), mulheres são muito mais favoráveis que homens em apoiar causas ambientais - através de seu trabalho escolhas de consumo, nas eleições e em ativismo. A média de 'pegadas de carbono' das mulheres é consideravelmente menor que os dos homens, que são mais céticos em relação às mudanças climáticas, embora compreendem menos a ciência. Mais mulheres na liderança poderia melhorar as baixas taxa de progresso em relação à sustentabilidade.
O relatório da AIA destaca três obstáculos para as mulheres na arquitetura: preocupações em relação ao equilíbrio vida-trabalho, longas jornadas de trabalho "que fazem mais difícil começar uma família e portanto encorajam algumas mulheres a abandonar a profissão" e uma falta de flexibilidade. Do mesmo modo, o estudo conclui que para atrair e manter mais mulheres na profissão, deve promover melhor equilíbrio na relação vida-trabalho e melhorar a flexibilidade no trabalho. Isto está de acordo com as recomendações em outros campos para promover culturas melhores, benefícios mais fortes e igualdade de salários.
Seja qual for a estratégia, a profissão de arquitetura necessita urgentemente de mais diversidade. Como Richter definiu, "O mundo ao nosso redor está mudando muito mais rápido e nós podemos fazer melhor."
O Relatório da AIA "Diversidade na Profissão de Arquitetura" está disponível em inglês aqui.
O último livro de Lance Hosey é The Shape of Green: Aesthetics, Ecology, and Design (2012). Siga ele em sua conta do Twitter: @lancehosey.